Wednesday, February 07, 2007

Miguel Sousa Tavares em «A Bola»

Entretanto, bastaram a Derlei quinze minutos em campo na estreia pelo Benfica para ele perceber a diferença das camisolas. Na semana passada, um tal de Ricardo Quaresma que, por acaso, vinha sendo o melhor jogador do campeonato, deu uma palmada com o braço para trás para se livrar de um adversário que estava a agarrá-lo, quando ele tinha a bola e queria fugir para o ataque. Embora estivesse de costas para o juiz de linha, este não hesitou em ver ali uma agressão: Quaresma foi expulso e, para além desse jogo, levou mais dois de suspensão. Esta semana, exactamente no mesmo local do campo, Derlei deu também uma braçada para trás atingindo o adversário. Com uma grande diferença: não estava a ser agarrado e era o outro que tinha a bola e se ia escapar. E mais esta decisiva diferença: estava de frente para o juiz de linha, que tudo viu e nada de mal viu. Nem amarelo, nem vermelho, nem suspensão. Seja bem-vindo ao Benfica, Derlei! Os critérios disciplinares dos árbitros em campo podem ajudar a decidir campeonatos, se os critérios variarem de árbitro para árbitro, de clube para clube e de jogador para jogador. E mais ainda se a essa dualidade de critérios for somada depois igual dualidade da Comissão Disciplinar. Não interessa apenas tentar perceber porque é que Quaresma é expulso e Derlei não. Também interessa perceber porque é que Nuno Gomes é expulso duas vezes, uma delas por agressão a pontapé pelas costas, e só leva um jogo de cada vez, enquanto Quaresma leva dois, logo à primeira e contestada expulsão. Já se sabia que ia ser assim, mas não acham que é um bocado chocante?

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