Wednesday, September 13, 2006

Miguel Sousa Tavares

«Há mais de ano e meio que uma vasta legião de jornalistas, comentadores e dirigentes desportivos vivem agarrados ao Apito Dourado como bóia de salvação capaz de lhes trazer, servida numa bandeja, a única conclusão e a única «verdade» que ansiosamente esperam: a «prova» de que a hegemonia do FC Porto, nas últimas duas décadas do futebol português, tem uma única razão de ser — a compra dos árbitros. É por isso, segundo o seu esperançoso discurso, que o FC Porto ganha bem mais e mais vezes que os seus rivais do sul. Em vão lhes foram constantemente fornecidos motivos de reflexão para outras razões possíveis, que eles desprezaram sempre, porque reconhecer o mérito alheio seria reconhecer o demérito próprio. É difícil perceber como é que um clube que só ganha internamente graças a batota, conseguiu ser, no espaço de dezasseis anos, duas vezes campeão da Europa e do Mundo, juntando ainda uma Taça UEFA e uma Supertaça Europeia ao rol dos seus triunfos internacionais. Por exemplo, que é difícil aceitar a batota como única razão para a supremacia portista, quando, uns após outros, jogadores e técnicos, portugueses e estrangeiros, que têm passado pelo FC Porto são unânimes em elogiar a sua superior organização, profissionalismo e atitude competitiva, em comparação com os seus rivais. Ou, por exemplo, que é difícil perceber como é que o FC Porto conseguiria exercer tão duradouramente tal poder subterrâneo, quando há vários anos se encontra afastado de todos os órgãos de decisão que integram a Liga de Clubes e a Federação Portuguesa de Futebol — que são os órgãos onde se decide as nomeações de árbitros, as suas classificações e punições disciplinares. Enfim, como é que alguém de boa-fé pode sustentar que é por batota que o FC Porto ganha e os outros não, quando todos temos, semanalmente, acesso a todos os jogos dos «grandes» e o que vemos é demasiado evidente para poder ser explicado por «razões ocultas». Depois de ver jogar o Benfica no Bessa, este sábado, alguém acredita que é por falta de «transparência» e de «rigor» que o Benfica é a desilusão continuada que tem sido? Alguém se lembra quando foi o último ano que o Benfica teve uma equipe de categoria, a jogar um futebol de categoria? Mas agora e para surpresa de muitos o Apito Dourado transformou-se em «Apito Desgovernado» e agora apita em todas as direcções. E cada vez menos na direcção programada.»


P.S. Em Alvalade, no ínicio da fase de grupos da Champions, o Sporting ganhou ao Inter por 1-0. Uma vitória justa num jogo em que ouvi na rádio os jornalistas presentes dizerem que o estádio estava praticamente cheio. Desconfiei, por aquilo que vi, e hoje certifiquei-me que afinal estiveram 30 mil pessoas num estádio com lotação para 50 mil. A imparcialidade e isenção dos senhores «jornalistas» Lisboetas no seu melhor...
Hoje às 19.45h no Dragão (sporttv1) FCPorto-Cska e na Dinamarca à mesma hora, Copenhaga-Benfica (sporttv2).

4 comments:

Anonymous said...

Confesso que não estava à espera de uma vitória sobre o poderoso Inter de Milão. Por várias razões. O Sporting é uma equipa jovem e sem grande experiência internacional ao mais alto nível e apresentava-se desfalcado de jogadores nucleares na zona central do campo. A repetição do 0-0 do jogo da pré-temporada já seria, por isso, "um bom resultado". Mas os 90 minutos de um jogo intenso e disputado a grande ritmo revelaram um Sporting quase perfeito, a jogar um futebol total, atacando e defendendo em bloco, um Sporting combativo, competitivo e harmonioso, capaz de justificar a vitória por 1-0, conquistada através de um golo estupendo de Marco Caneira.
A partir de hoje, há leõezinhos à solta na Europa do futebol. A partir de hoje, os holofotes do futebol internacional voltam-se para Lisboa e Alcochete. Importa não perder o pé e continuar a trabalhar com afinco e humildade. Importa interpretar correctamente o discurso sereno e realista do treinador Paulo Bento, interiorizando as ideias centrais. Afinal, o Sporting tem seis pontos da Superliga e três pontos na Liga dos Campeões, mas ainda não ganhou nada. Um discurso talvez pouco adequado a uma noite de glória como esta, tal a valia e o poder do adversário italiano que hoje caiu em Alvalade. Mas um discurso cem por cento certo para que a equipa leonina continue com os pés assentes no chão, semeando qualidade e profissionalismo por essa Europa fora e demonstrando que o futebol português que acontece dentro das quatro linhas não tem nada a ver com quem o dirige e o regula fora delas.

Anonymous said...

Explicar as contratações do Moretto, do Robert, do Manduca, do Marco Ferreira, do Marcel, do Beto, do karyaca, do karagounis, do André Luís, do Everson é dificil!
Explicar a manutenção do sr.zé neste quadro, muito mais complicado!
Explicar a lesão do Mantorras, proíbido!
Mais fácil era falar sobre o "apito", era, porque agora já não é!

bLuE bOy said...

Lucho... esperemos que logo os deuses do Olimpo estejam com as cores "azuis e brancas"...
Lá estaremos todos para gritor em unísono: PORTOOOOOOOOOO
aKeLe aBrAçO
http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Sérgio de Oliveira said...

leão da estrela :

...de 5 estrelas!